Michelle Fernandez
Ontem três países vizinhos ao Brasil foram às urnas: Argentina, Colômbia e Uruguai. Na Argentina, os eleitores escolhiam governadores de algumas Províncias, entre elas a capital Buenos Aires, Assembleias de Deputados em algumas Províncias, pouco mais da metade da Câmara de Deputados, um terço do Senado e o presidente e vice-presidente da República. Na Colômbia, tivemos eleições subnacionais para a escolha de governadores, deputados departamentais, prefeitos e vereadores. Por fim, no Uruguai, os eleitores foram às urnas para escolher presidente, vice-presidente, deputados e senadores, além de votar em um plebiscito sobre mudanças constitucionais.
Na Argentina foi eleito em primeiro turno, com pouco mais de 48% dos votos (na Argentina é necessário pelo menos 45% dos votos para vencer a eleição em primeiro turno), Alberto Fernández, com sua vice Cristina Fernández de Kichner. Com a vitória da esquerda e a saída de Mauricio Macri do poder, temos uma clara tendência de mudança nesse país. Porém, para além da dificuldade que o cenário econômico argentino impõe, o novo governo deverá lidar com a necessidade de negociar para implementar sua agenda política, já que assumirá o poder sem ter maioria entre os deputados na Câmara de Deputados. Por outro lado, dos 72 parlamentares que compõem o Senado, 37 são da base de apoio do novo presidente, o que lhe confere maioria.
Nas eleições subnacionais da Colômbia podemos observar algumas tendências de mudança. Para a prefeitura de Bogotá, capital do país, ganhou Claudia López. A maior cidade colombiana será governada por uma mulher assumidamente lésbica, fato que vai na contramão da onda conservadora observada no atual cenário político-social desse país nos dias de hoje. A nova prefeita de Bogotá venceu com uma coligação que converge ao centro no espectro ideológica entre o seu partido, “Partido Alianza Verde”, e o “Polo Democratico Alternativo”. A eleição para a prefeitura de Medellín é outro resultado local que aponta para mudanças na balança de poder colombiana. Medellín é o maior reduto eleitoral de Alvaro Uribe, uma das atuais figuras políticas mais tradicionais da Colômbia. Porém, nessa cidade, foi eleito Daniel Quintero, do Partido Liberal em detrimento do candidato com apoio de Uribe, o que representa uma grande derrota para o Uribismo no país.
No Uruguai, o resultado final da eleição para presidente e vice-presidente da República foi adiado para 24 de novembro, data da realização do segundo turno. Ainda que a Frente Amplia tenha levado o maior percentual de votos no primeiro turno, a tendência que se apresenta é de vitória final do candidato do Partido Nacional. Para garantir o segundo turno, o Partido Nacional necessita pactuar com o Partido Colorado e o Cabildo Abierto, formação política criada este ano por um grupo de militares e ex-militares. O cenário legislativo também indica mudanças no Uruguai. A nova conformação da Câmara de Deputados e do Senado fará com que nenhum partido tenha a maioria parlamentar como teve a Frente Amplia nos seus 15 anos de governo. A única mudança rechaçada pelos uruguaios no pleito de ontem foi o Plebiscito para alterações constitucionais referente a direitos sociais e à atuação dos militares em atividades de segurança pública.
Pelo visto, temos mudanças à vista na América do Sul!
Palavras-chave: Movimento Voto Consciente, Poder Legislativo, Poder Executivo, Eleições na América Latina, América Latina, Argentina, Colômbia, Uruguai, Kichner, Macri, Alberto Fernández, Claudia López, Bogotá, América do Sul.
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